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19 de setembro de 2009



“Desejo, primeiro, que você ame, e que amando, também, seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E esquecendo não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem se desesperar. Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis. E que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos; nem muitos, nem poucos, mas na medida certa para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante; não com os que erram pouco, porque isto é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente. E que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer. E que sendo velho não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós. Desejo por sinal que você seja triste; não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta. Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-Barro erguer triunfante o seu canto matinal. Porque assim, você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe seu crescimento. Para que você saiba de quantas vidas é feita uma árvore. Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga “Isso é meu”, só para que fique bem claro quem é o dono de quem. Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele, e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo, por fim, que você, sendo um homem tenha uma boa mulher. E que, sendo uma mulher, tenha um bom homem. E que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte. E quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar. E se tudo isso acontecer não tenho nada mais a te desejar.”

Vitor Hugo

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