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17 de maio de 2010

                                                                             Eu sou criança


Não pense que me refiro apenas à minha ânsia de aproveitar cada segundinho da vida.
Não.
Eu falo também dos meus deslizes, das coisas que eu não deveria ter feito ou, ao menos, deveria ter feito um pouco diferente.
Eu erro e erro muito.
Erro sem pudores, sem vergonha, sem querer.
Erro em minhas tentativas de me mostrar madura e também na imaturidade de não querer deixar a criança dentro de mim morrer.
Pudera, não tenho qualquer pretensão de ser perfeita.
Que entediante seria a vida se tudo estivesse alinhado, tudo certo nos mínimos detalhes.
O que aprenderíamos durante jornada se chegássemos prontos até ela?
Não me reprima, não me condene, não tente me ensinar o que você não sabe.
Eu estou engatinhando e é sozinha que eu pretendo aprender.
Aliás, carrego meus valores desde pequena.
Não engano, não minto, não faço vítima alguma.
As conseqüências dos meus atos quem sofre sou eu.
Eu me martirizo, me entristeço, me revolto, para depois me absolver de todas as culpas e chegar à minha redenção; para enfim perceber que eu sou humana.
Apenas mais uma menina que terá que conviver com o bônus e o ônus de ser um pouco criança para sempre.
Aliás, qual seria a minha idade?
Minha personalidade varia tanto que tem gente que chuta bem longe.
Mas não vim até aqui para contar quantos anos eu tenho, e sim para dizer que eu tenho todos eles.
Eu incorporo a idade de quem convive comigo.
Tenho...
03 aninhos quando corro no parque com meu sobrinho, afilhados e com toda a criançada.
05 anos quando fico de pé no chão e pulo na cama ou quando brinco de golfinho na piscina com os meus alunos.
10 anos quando brinco de pique-pega.
15 anos quando me olho no espelho e nada fica bem, quando não quero sair de casa, quando coloco meu pijama, minha meia, quando quero apenas o meu canto.
18 anos, no clube, com minha melhor amiga à tira-colo, biquíni, shortinho, maquiagem nenhuma e uma animação de tirar o fôlego.
19 anos quando digo não, quando me imponho e falo o que eu penso.
21 quando pego o carro e vou para onde eu quero, como eu quero e com quem eu quero.
23 quando olho firme nos olhos, quando olho de canto, quando desvio o olhar.
24 anos quando dou o primeiro passo, quando ligo, quando chego sozinha numa festa ou n’outro país.
Quando tenho 30, 40, 50 ou 100 anos... Ah, isso eu não poderia dizer. Sobra pretensão, mas falta maturidade.
Aliás, quando se fala em experiência eu volto a ter um aninho...
E tenho certeza de que ainda há uma vida para aprender a viver.


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